sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Entrevista com Paulo Munhoz

Segue entrevista com o realizador Paulo Munhoz, realizada por Amália Dornellas

Carreira:

Amália - Como começou seu interesse por cinema?

Munhoz - Como espectador, creio que nas brincadeiras de projeção de sombras em minha casa, quando faltava a energia elétrica. A decisão pelo fazer cinematográfico se deu numa tarde de domingo, em 1985, na percepção de que seria uma profissão a me dar as possibilidades de: a) lidar com criatividade todo o tempo, b) pesquisar conteúdos diferentes em cada trabalho, c) influenciar o mundo.

Amália - Quais as suas influências - cinematográficas, literárias etc?

Munhoz - Eu vejo de tudo e leio de tudo que o tempo me permite. Meus assuntos principais são filosofia, artes, física, mitologia, religião, engenharia, psicologia, computação, história, design, política, ecologia, artes marciais ... Não me interesso por futebol. Acho que isso me permite o tempo para outros assuntos. Posso dizer que me inspiram: Norman Mc Larem e Godfrei Regio.

Sobre sua formação - instrução, família, amigos, coisas que gosta de fazer, inspiração?

- Sou Mestre em Tecnologia, com pesquisa na área de linguagens e tecnologias audiovisuais pelo PPGTE UTFPR, Sou Pós-Graduado em Ciências da Computação pela PUC PR, e formado em Engenharia Mecânica pela UFPR. No audiovisual sou praticamente auto-didata.

Minha família é composta de: TALES (meu maior amor e meu grande mestre), DANI (meu segundo amor) e MIM. Minha maior inspiração é a natureza. Para mim é a base a partir da qual sempre penso o mundo. Outra inspiração são meus grandes mestres.

Como lazer gosto de acampar, tomar banho de rio e de mar (limpos), caminhar, correr, estar num dojo, estudar e ver filmes.

Quais os temas que mais trabalha, nos filmes?

Minhas preocupações têm a ver com a evolução do ser humano. Meus filmes tentam estabelecer reflexões sobre nossa situação, sobre caminhos, sempre com bom humor. Acredito no poder revolucionário do sorriso.

Filmografia (título, bitola, duração e ano de estréia de todos os filmes) e Carreira dos filmes - prêmios, críticas:

Em anexo.

O que foi mais marcante em sua história profissional?

- Acho que o filme O POETA representa um grande ponto de mutação na minha carreira, mas cada trabalho traz muita coisa boa, nova, transformadora. BRICHOS é meu primeiro longa, PAX é o meu filme mais premiado, enfim, esta é uma pergunta difícil. Acho que o mais marcante foi a decisão em me tornar cineasta, num momento em que isso era um grande absurdo.

Como definiria o seu estilo como diretor? Esteticamente etc?

Sou um diretor bem, digamos, ¨dialógico¨, ou seja crio instâncias de co-criação com todos os parceiros do filme. Planejo muito, sou muito organizado, mas totalmente aberto a mudanças que permitam a melhoria do filme. Sou também um grande experimentador, meus filmes não tem uma "cara" única que dê pistas de quem os fez, com excessão do tipo de humor, talvez.

Produção:

Como tem sido o seu modo de realizar filmes - produção, verba, recursos humanos (pedir para descrever como acontece o processo, desde a criação)?

Não tenho tempo para responder essa pergunta, perdoe-me.

Como são divulgados os seus filmes?

Cada um tem seu meio próprio. É muito diverso.

De que forma as leis de incentivo, as escolas, a TV Educativa e a RPC, entre outros, têm ajudado a sua carreira?

As leis de incentivo têm sido o grande mecanismo para a produção audiovisual. Sem elas não teríamos o nível de desenvolvimento que estamos tendo no Brasil. A TV Educativa, a RPC e outros veículos têm sido grandes parceiros, sempre nos apoiando da melhor forma. Sobre escolas, a que realmente interfere em nossa produção é a minha, ou seja a TECNOKENA em seus cursos, pois é onde conheço e desenvolvo talentos.

Sobre a questão técnica - poucas pessoas conseguem sobreviver de cinema no Paraná, portanto toda a equipe técnica acaba "fugindo" para publicidade para sobreviver da sua profissão. Como é lidar com isso? Com quais os técnicos tem trabalhado mais frequentemente e o que significa?

Essa é uma pergunta complicada, pois sobreviver de cinema é algo difícil no mundo e não apenas aqui. Tenho construído, ao longo dos anos, um grupo de parceiros de altíssimo nível, destacando o VADECO, o ÉRICO BEDUSCHI, o ANTONIO ÉDER, o WALKIR FERNANDES, o TIAGO AMÉRICO, a minha sócia DANIELLA, é claro, que conseguem gerar muita energia. Isso nos faz avançar. Por outro lado tenho trabalhado com outros grande profissionais e um time de atores como MAURO ZANATTA, MÁRIO SCHOEMBERGER, TUPA, ENÉAS LOUR, MICHELLE PUCCI, FABÍOLA, CÉLINHA, REGINA VOGUE, ANDRÉ COELHO, CHICO NOGUEIRA, etc, que nos ajudaram a dar a máxima qualidade em nossas obras.

E a formação de mão de obra - tem opinião formada sobre os cursos de cinema locais?

Não, não tenho. Mas posso garantir que nosso curso ANIMATIBA, realizado aqui na TECNOKENA é muito bom.

É possível viver de cinema no Paraná? É só a questão financeira? Quais são as outras dificuldades? O que é necessário para que o profissional possa viver só de cinema?

É preciso coragem, determinação, disciplina, inteligência, senso ético e muita capacidade de trabalho.

Aponte o nome mais significativo para a história do cinema no Paraná (pessoa, instituição etc).

É tanta gente boa que vou citar 3: VALÊNCIO XAVIER, na questão de formação e pesquisa; GROFF por ter legado ao Brasil um acervo magnífico do seu tempo; ARAMIS MILLARCH como crítico e instigador cultural.

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