quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Edição finalizada

Depois de muitas noites, como dizem nossos pais, "inventando moda", o filme está pronto. E muito bom. Digno de concurso. Aguardamos ansiosamente pelo lançamento.

Agradecemos imensamente ao Arnaldo, técnico da BR que editou o nosso material, por compreender cada piração que surgia e fazer exatamente o que a gente imaginava. E principalmente pela paciência de agüentar às vezes três ou quatro mulheres juntas fofocando e tagarelando.

Em breve:
Fotos do último dia de edição, por Raffaela Ortis.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Entrevista com Ana Paula Johann

Como começou seu interesse por cinema?
Aconteceu. Fui ao cinema pela primeira vez com 17 anos assistir Guerra dos Canudos e me encantei pelo corte, pela piscada. Depois estava me graduando em jornalismo e percebi que em meu currículo só havia cursos de cinema. Mais tarde fui atrás de bolsa de estudos e ganhei uma de documentário na Universidade de Barcelona.

Quais são suas principais influências - literárias, cinematográficas etc?
Eu gosto muito de cinema europeu, existencialista e que fale do homem nas suas entrelinhas. Acho que além das mazelas da pobreza, existe algo no homem que perpassa tudo isso. Eu gosto também de filmes que tem estudo de linguagem. Dos cineastas contemporâneos gosto de David Lynch, Lar Von Trier, Win Wenders, e gosto dos diálogos dos filmes de Woody Allen e Pedro Almodóvar. Agora em documentário gosto dos filmes do Jorge Furtado, Eduardo Coutinho, Sandra Kogut.

Quais temas que mais gosta de trabalhar?
Não gosto de temas que ficam muito presos em regionalismos. Gosto de temas universais. Havia um escritor, o qual agora não me lembro a frase que dizia: quer ser universal, fale do seu quintal.

O que foi mais marcante em sua história profissional?
Na verdade minha carreira está apenas começando. Só fiz um curta até hoje, o “de tempos em tempos” e estou com os outros projetos. Mas está sendo interessante o seu retorno, como as pessoas tem olhado para ele. Agora neste mês de setembro fomos convidados para abrir o 5º Cinedocumenta com o fotógrafo e agora também diretor Walter Carvalho.

Como definiria o estilo de seu trabalho (esteticamente etc)?
É sempre difícil para nós mesmos definirmos o nosso trabalho, para os outros talvez mais difícil ainda, por que é sempre uma leitura, uma interpretação que varia de acordo com o olhar. Mas posso dizer a priori que gosto de coisas poéticas, mas que sejam profundas.

Como funciona o processo de criação do seu trabalho? As leis de
incentivo facilitam de alguma forma?
Eu geralmente tenho a idéia, faço um projeto base. Começo a fazer a pesquisa por minha conta, incluindo os custos e ai coloco em editais de acordo com o perfil do edital. Hoje só tem duas maneiras de realizar um projeto de arte, ou através de lei, ou bancando do próprio bolso. As Leis de Incentivo ajudam sim, mas deveriam ser pensadas outras formas, uma vez que as empresas não querem mais desembolsar um centavo que não seja por lei.

De que forma se dá a divulgação de seu trabalho?
Depois de finalizado o trabalho, faço um lançamento, divulgo na imprensa, levo um material, o filme, release, fotos. Depois envio para Festivais e só então disponibilizo para TV, internet, etc.

Sobre a questão técnica - poucas pessoas conseguem sobreviver de
cinema no Paraná, portanto toda a equipe técnica acaba "fugindo" para
a publicidade para sobreviver da sua profissão. Como é lidar com isso?
É a maioria das pessoas que trabalham com cinema, sempre tem uma função dupla, ou trabalham com publicidade ou ainda em produtoras que trabalham com vídeos empresarias, produções comerciais. Só depois de um tempo com trabalho reconhecido é que se consegue às vezes, viver só disso e é para pouquíssimos. Infelizmente isso já virou praxe, quem trabalha com teatro, também tem outra profissão, ou um negócio. Acho que isso mostra o valor que arte tem para as pessoas, quase nenhum.

É possivel viver de cinema no Paraná? O profissional que quiser se
dedicar à área passa por quais dificuldades?
Acho que depende o patamar que a pessoa está é possível sim, mas sempre fazendo parcerias com outras cidades.

Em sua opinião, qual o nome mais significativo para a história do
cinema no Paraná?
Temos Fernando Severo, Marcos Jorge

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Entrevista com Paulo Munhoz

Segue entrevista com o realizador Paulo Munhoz, realizada por Amália Dornellas

Carreira:

Amália - Como começou seu interesse por cinema?

Munhoz - Como espectador, creio que nas brincadeiras de projeção de sombras em minha casa, quando faltava a energia elétrica. A decisão pelo fazer cinematográfico se deu numa tarde de domingo, em 1985, na percepção de que seria uma profissão a me dar as possibilidades de: a) lidar com criatividade todo o tempo, b) pesquisar conteúdos diferentes em cada trabalho, c) influenciar o mundo.

Amália - Quais as suas influências - cinematográficas, literárias etc?

Munhoz - Eu vejo de tudo e leio de tudo que o tempo me permite. Meus assuntos principais são filosofia, artes, física, mitologia, religião, engenharia, psicologia, computação, história, design, política, ecologia, artes marciais ... Não me interesso por futebol. Acho que isso me permite o tempo para outros assuntos. Posso dizer que me inspiram: Norman Mc Larem e Godfrei Regio.

Sobre sua formação - instrução, família, amigos, coisas que gosta de fazer, inspiração?

- Sou Mestre em Tecnologia, com pesquisa na área de linguagens e tecnologias audiovisuais pelo PPGTE UTFPR, Sou Pós-Graduado em Ciências da Computação pela PUC PR, e formado em Engenharia Mecânica pela UFPR. No audiovisual sou praticamente auto-didata.

Minha família é composta de: TALES (meu maior amor e meu grande mestre), DANI (meu segundo amor) e MIM. Minha maior inspiração é a natureza. Para mim é a base a partir da qual sempre penso o mundo. Outra inspiração são meus grandes mestres.

Como lazer gosto de acampar, tomar banho de rio e de mar (limpos), caminhar, correr, estar num dojo, estudar e ver filmes.

Quais os temas que mais trabalha, nos filmes?

Minhas preocupações têm a ver com a evolução do ser humano. Meus filmes tentam estabelecer reflexões sobre nossa situação, sobre caminhos, sempre com bom humor. Acredito no poder revolucionário do sorriso.

Filmografia (título, bitola, duração e ano de estréia de todos os filmes) e Carreira dos filmes - prêmios, críticas:

Em anexo.

O que foi mais marcante em sua história profissional?

- Acho que o filme O POETA representa um grande ponto de mutação na minha carreira, mas cada trabalho traz muita coisa boa, nova, transformadora. BRICHOS é meu primeiro longa, PAX é o meu filme mais premiado, enfim, esta é uma pergunta difícil. Acho que o mais marcante foi a decisão em me tornar cineasta, num momento em que isso era um grande absurdo.

Como definiria o seu estilo como diretor? Esteticamente etc?

Sou um diretor bem, digamos, ¨dialógico¨, ou seja crio instâncias de co-criação com todos os parceiros do filme. Planejo muito, sou muito organizado, mas totalmente aberto a mudanças que permitam a melhoria do filme. Sou também um grande experimentador, meus filmes não tem uma "cara" única que dê pistas de quem os fez, com excessão do tipo de humor, talvez.

Produção:

Como tem sido o seu modo de realizar filmes - produção, verba, recursos humanos (pedir para descrever como acontece o processo, desde a criação)?

Não tenho tempo para responder essa pergunta, perdoe-me.

Como são divulgados os seus filmes?

Cada um tem seu meio próprio. É muito diverso.

De que forma as leis de incentivo, as escolas, a TV Educativa e a RPC, entre outros, têm ajudado a sua carreira?

As leis de incentivo têm sido o grande mecanismo para a produção audiovisual. Sem elas não teríamos o nível de desenvolvimento que estamos tendo no Brasil. A TV Educativa, a RPC e outros veículos têm sido grandes parceiros, sempre nos apoiando da melhor forma. Sobre escolas, a que realmente interfere em nossa produção é a minha, ou seja a TECNOKENA em seus cursos, pois é onde conheço e desenvolvo talentos.

Sobre a questão técnica - poucas pessoas conseguem sobreviver de cinema no Paraná, portanto toda a equipe técnica acaba "fugindo" para publicidade para sobreviver da sua profissão. Como é lidar com isso? Com quais os técnicos tem trabalhado mais frequentemente e o que significa?

Essa é uma pergunta complicada, pois sobreviver de cinema é algo difícil no mundo e não apenas aqui. Tenho construído, ao longo dos anos, um grupo de parceiros de altíssimo nível, destacando o VADECO, o ÉRICO BEDUSCHI, o ANTONIO ÉDER, o WALKIR FERNANDES, o TIAGO AMÉRICO, a minha sócia DANIELLA, é claro, que conseguem gerar muita energia. Isso nos faz avançar. Por outro lado tenho trabalhado com outros grande profissionais e um time de atores como MAURO ZANATTA, MÁRIO SCHOEMBERGER, TUPA, ENÉAS LOUR, MICHELLE PUCCI, FABÍOLA, CÉLINHA, REGINA VOGUE, ANDRÉ COELHO, CHICO NOGUEIRA, etc, que nos ajudaram a dar a máxima qualidade em nossas obras.

E a formação de mão de obra - tem opinião formada sobre os cursos de cinema locais?

Não, não tenho. Mas posso garantir que nosso curso ANIMATIBA, realizado aqui na TECNOKENA é muito bom.

É possível viver de cinema no Paraná? É só a questão financeira? Quais são as outras dificuldades? O que é necessário para que o profissional possa viver só de cinema?

É preciso coragem, determinação, disciplina, inteligência, senso ético e muita capacidade de trabalho.

Aponte o nome mais significativo para a história do cinema no Paraná (pessoa, instituição etc).

É tanta gente boa que vou citar 3: VALÊNCIO XAVIER, na questão de formação e pesquisa; GROFF por ter legado ao Brasil um acervo magnífico do seu tempo; ARAMIS MILLARCH como crítico e instigador cultural.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O narrador

Após uma longa pausa, vamos falar mais sobre quem é quem no filme!

Não é preciso caracterizar este papel. Agradecemos o "sentido da vida" de Andrei Moscheto, do grupo Antropofocus, e a gentileza em aceitar participar!

As primeiras edições

Urucubaca!!

Brincadeira! O que aconteceu é que o primeiro dia de edição, na última segunda-feira, foi em vão (isso que é rima, meu irmão!). Toda a captação foi perdida porque a ilha "deu pau", mesmo depois de o processo já ter sido repetido uma vez ainda na segunda.

Ontem, o recomeço com o Arnaldo. Felizmente deu tudo certo, nada foi perdido e conseguimos captar todo o material e editar quatro cenas e meia!

Está ficando muito legal!!
Aguardem!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Entrevista com Silvana Corona

Segue entrevista com a cineasta Silvana Corona, realizada por Marisol Vieira:

Carreira

Como começou o interesse pelo cinema?
Sempre amei o cinema, desde o primeiro filme (um bang bang no interior do Paraná, onde nasci). E sempre gostei de escrever e contar histórias, então só mudei a mídia. Aos 20 anos escrevi meu primeiro roteiro e aos 23 anos mudei para São Paulo com a intenção de trabalhar em cinema. Lá fiz faculdade de cinema na FAAP e não parei mais. Trabalhei com cinema e vídeo e depois retornei a Curitiba, onde continuo com essa opção.

Quais as suas influências? – cinematográficas, literárias etc
Acho que poderia citar um grande número de filmes, mas vou começar pelas influências iniciais, que foram "Um Dia de Cão", que na época eu matava aula para assistir. Assisti todos os dias durante uma semana. Depois "Laranja Mecânica", "Lúcio Flávio", "All that Jazz", "Excalibur", "Blade Runner" e "Heavy Metal" - porque uma influência muito grande sempre foram os quadrinhos. Hoje meu autor preferido é Neil Gaiman, que escreveu a série Sandman. Leio tudo dele. Adoro filmes e livros de fantasia, de suspense, mas que tenham um conteúdo de crítica escatológica. Mas tem milhares de outros filmes e livros e é impossível citar todos. Gostava muito do Érico Veríssimo, li umas 3 vezes "O Senhor dos Anéis" e amei o filme. Pra mim, ler e ver filmes é puro prazer. Não tem aí nada muito intelectual. Adoro o Tarantino e o Almodóvar, justamente pela transgressão. O Robert Rodrigues e vejo todas as adaptações de quadrinhos, como o Sin City e 300.

A sua formação – instrução, família, amigos, coisas que gosta de fazer, inspiração...
Sou formada em cinema, pela FAAP de São Paulo. A família é extensa, tenho muitos irmão e amigos. Tenho um irmão poeta, que é o Ricardo Corona, com quem acabo tendo mais contato porque ele mora aqui. Tenho um filho de 10 anos, que é o Pedro e eu sou bem coruja. Vivo há 23 anos com a mesma pessoa, quer dizer, neste ponto acho que sou bastante estável. O que me permite elocubrar e "viajar" bastante quando se trata de contar histórias. Acho que tenho uma história de vida razoável que me serve de repertório. Adoro ir ao cinema e adoro ler. Viajar, coisas normais... sou meio natureba e acho que tenho um pezinho nos anos 70 ainda. Então, meus heróis são aqueles que morreram de overdose.

Quais os temas que mais trabalha, nos filmes?
Gosto de retratar as experiências de pessoas que fazem a diferença no mundo, quando se trata de documentário. Na ficção, gosto mais da fantasia, da alegoria, sempre me concentrando no personagem. Mas tudo isso é sempre meio que um pano de fundo. Não há um tema específico, recorrente, porque gosto de explorar coisas diferentes. Então cada filme ou video é uma coisa nova, de uma idéia que tive, ou de alguma sensação ou algo que tenha acontecido a alguém.

Filmografia (título, bitola, duração e ano de estréia de todos os filmes)
- "Nosferatu, A Verdade" - um trash movie, de 5 minutos em 16mm - 1987;
- "Olhos Sobre Tela" - 10 minutos em 35mm, 1991;
- "Instrumentos Musicais" - 15 minutos em SVHS, 1991;
- "Paranapiacaba" - 20 minutos em SVHS, 1991;
- "O Rio que Passa em Nossa Aldeia" - 20 minutos em SVHS, 1991;
- "Certa Manhã", 1 minuto em SVHS, 1992;
- "Curitiba Cine in Concert" - 3 horas em SVHS, 1994 - mostra;
- "Anel de Fogo" - 7 minutos em SVHS, 1995;
- "Uma Aventura no Reino do Xadrez" - 19 minutos em minidv, 1998;
- "O Lobo Solitário" - 14 minutos em minidv, 2001;
- "Contos da Terra Sagrada" - 55 minutos em minidv, 2004;
- "Caros Ouvintes! - Uma Pequena História do Rádio" - 30 minutos em minidv e ainda inédito. Foi realizado em 2005;
- "Abacate" - 5 minutos em HDTV, em finalização.

Nos intervalos, trabalho em campanhas eleitorais, em institucionais e edito inúmeros gêneros de vídeos e programas de tv.

Carreira dos filmes – prêmios, críticas
"Olhos Sobre Tela" foi selecionado na Mostra de Cinema de São Paulo, aquela organizada pelo Mis de lá, na estréia. Paranapiaca venceu o Festival de Vitória pelo Júri Popular, em 1991. O Rio que Passa em Nossa Aldeia ficou em 4º lugar num festival de filmes ecológicos do interior de São Paulo. Certa Manhã ficou entre os 5 finalistas brasileiros no Festival do Minuto, no ano em que o Festival se tornou internacional, 1992. Uma Aventura no Reino do Xadrez não ganhou nenhum premio, mas é meu filme mais visto. Vende até hoje e já atingiu mais de um público estimado de mais de 1 milhão de pessoas. É exibido em escolas do Brasil todo e até no exterior. O Lobo Solitário já ganhou 3 premios de melhor filme, além de ter sido exibido no Globo Repórter. Contos da Terra Sagrada foi o vencedor do primeiro DocTv.

O que foi mais marcante em sua história profissional? (contar a história, se possivel)
Foi vencer o DOCTV, com o roteiro de "Contos da Terra Sagrada". É um documentário sobre as 3 etnias indígenas do Paraná. O documentário me possibilitou realizar algo que sempre quis fazer. Por 30 dias vivemos entre os índios, visitamos 9 aldeias e tivemos a oportunidade de conhecer pessoas incríveis. Difícil foi acostumar de novo com os "brancos". Fiz amizades que se mantem até hoje. A gente se visita e se telefona e até e-mails trocamos. Sempre digo que quando me aposentar, vou largar tudo e viver no meio de alguma aldeia, se eles me aceitarem lá.


Como definiria o seu estilo como diretor? Esteticamente etc
Quando faço documentários, gosto da produção um pouco mais solta e de explorar as possiblidades que surgem. Apesar de fazer um bom planejamento, na hora de realizar deixo as coisas acontecerem porque considero que assim vou obter mais expontaneidade e mais realismo. Nem sempre funciona. Na ficção, levo mais apertado. Mas não deixo pra tomar as decisões no set. Quando estou no set quero tudo pronto e sair rodando. Faço reuniões com a equipe e com o elenco, discuto muito o roteiro antes e aí sim, dou margem pra opiniões. Quando se vai para um set, tem-se que ter em conta que a hora do planejamento acabou. A improvisação também. O set é o local da ação em todos os sentidos. Isso nem sempre é respeitado.

Produção

Como tem sido o seu modo de realizar filmes - produção, verba, recursos humanos? (descrever como acontece o processo, desde a criação, se possível)
Acho que tem sido igual a todos os realizadores do Paraná, hoje em termos de verba. Estamos todos dependentes de leis de incentivo e de premios. O mercado não está muito bom nem para os "famosos", pois até eles tem recorrido a esses mecanismos. O único filme que conheço no Brasil que foi feito fora desse modelo foi "Olga". Particularmente, odeio ficar nessa dependência. Pois odeio a parte financeira e burocrática, que são aquelas intermináveis planilhas. A parte que gosto é de escrever o roteiro e "ir pra estrada" realizar o filme. A parte criativa é muito gratificante. Idéias sempre tenho aos borbotões e nem sempre dão um filme. Ás vezes ficam só nas idéias mesmo. Mas quando elas ganham força a ponto de eu me sentar para escrever, sai numa tacada só, começo, meio e fim. Aí, depois, vou lapidando, e então escrevo o roteiro. Muitas vezes escrevo em parceria. Adoro discutir com outras pessoas sobre o que estou escrevendo e adoro palpites. Então acho que me dou bem em equipe. Procuro fazer parcerias com quem estou trabalhando porque rende mais. Acho que todo mundo tem que estar fazendo o mesmo filme, é isso que sempre me asseguro. Quando a equipe começa a se rebelar é porque não está comprometida e você de alguma forma falhou como diretor. Acho que a direção começa na escolha da equipe. E tudo isso conta muito sobre o resultado final.

Como são divulgados os seus filmes?
Normalmente contrato uma assessoria de imprensa que é a forma possível e barata hoje de divulgar. As verbas das leis de incentivo para a divulgação são bastante limitadas. Uso bastante a internet também.

De que forma as leis de incentivo, as escolas, a TV Educativa e a RPC, entre outros, têm ajudado a sua carreira?
Já fiz coisas fora das leis de incentivo. Acho que são hoje a única maneira de fazer cinema, porém as leis estão ficando cada vez mais burocráticas e isto está até interferindo na criação. A Fundação Cultural tem adotado uma postura financeira moralista, que a meu ver está fazendo o tiro sair pela culatra. Se o cara for honesto, pode ser o pior artista do mundo, que vai ter incentivo. E se ele tiver bastante paciência pra driblar a lei, consegue ser o pior artista e desonesto ao mesmo tempo. Quanto às redes de tv, devagar e timidamente estão iniciando projetos indenpendentes. Acho que por um lado elas tem razão, pois tem de olhar para o mercado e ser auto-sustentáveis. Mas por outro lado, nunca arriscam. Ninguém arrisca e ficamos todos presos a esse círculo vicioso. Acredito piamente que se todo mundo se envolvesse para criar de fato uma indústria ela daria muito certo. É só ver o exemplo de filmes mais comerciais como os da Xuxa e os da Globo e a gente percebe que há um vácuo a ser preenchido e que nós ainda não encontramos o caminho para preenchê-lo. Acho que a culpa não é do público. Se fosse, porque responde tão bem aos filmes estrangeiros? Porque abarrota cinemas quando o filme tem uma boa divulgação como é o caso de Dois Filhos de Francisco e Cidade de Deus? A resposta está que invenstimos tudo na produção e não na divulgação. E há o famoso gargalo da exibição. A gente tem que forçar esse caminho com algumas alternativas até provar para os exibidores que filme brasileiro dá lucro.

Sobre a questão técnica - poucas pessoas conseguem sobreviver de cinema no Paraná, portanto toda a equipe técnica acaba "fugindo" para a publicidade para sobreviver da sua profissão. Como é lidar com isso? Com quais os técnicos tem trabalhado mais frequentemente e o que significa?
Não é um caso isolado do Paraná. Morei 10 anos em SP e lá, apesar de se fazer mais cinema, não dá pra viver só dele. Você vai trabalhar numa produtora e na produtora dá mais lucro fazer comercial. Um comercial de 30 segundos tem orçamento maior que muitos longas, então você não pode virar as costas pra esse mercado, que paga as tuas conta. E pra quem tem a cabeça no lugar, é uma escola. Você aprende a ser "profissional". Não cabe a mim julgar as escolhas de ninguém. Acho que a melhor forma de lidar com essa "fuga" é pagar a mesma coisa. Está na hora de o cinema deixar de se comportar como o primo pobre. É claro que pagar bem a equipe eleva o orçamento, mas o princípio tem que ser esse. A valorização do profissional. As pessoas acham os salários escandolosos, mas esquecem que o cara ganha aquilo umas 2 vezes por ano, no máximo. Então é esse moralismo a que me refiro no caso das leis de incentivo. O cara que julga é um funcionário público que ganha a metade do cachê do assistente por mÊS e quando bota o olho naquela grana toda acha um absurdo. Quem faz sabe que não é assim. Que ganhamos esse cachê muitas vezes uma vez por ano.

E a formação de mão de obra – tem opinião formada sobre os cursos de cinema locais?
Acho que ainda estão deixando muito a desejar. Vale como um início de carreira, pro cara achar a turma dele. Mas acho que o que vale mesmo é a experiência. Tive uma experiência bem desagrável com alunos da extinta (em Curitiba) Academia de Cinema. Acho que eles tem muito chão pela frente e tem que se mostrar um pouco mais dispostos.

É possível viver de cinema no Paraná? É só a questão financeira? Quais são as outras dificuldades? O que é necessário para que o profissional possa viver só de cinema?
Não é possível, na minha opinião. Então todos nos viramos com comerciais, institucionais e sei lá que mais. Falta mercado. Filme na gaveta todo mundo tem de monte. Aí até aprova na Lei Rouanet ou na Lei do Audiovisual, o problema é conseguir o dinheiro. E mesmo que consiga realizar falta distribuição. Quer dizer, não há uma indústria no Paraná que faça com que alguém consiga se dedicar com exclusividade. Acho que parcerias com as tvs, com os exibidores locais, abrir canal de distribuição. Ou fazer como o Guto Pasko, pegou o filme dele, colocou debaixo do braço e foi para cidadezinhas do interior exibir em auditórios.

Aponte o nome mais significativo para a história do cinema no Paraná (pessoa, instituição etc).
É difícil dizer, mas vou arriscar um pioneiro, que é o Groff. Na minha opinião, ele foi além daqueles filminhos mudos porque criou um roteiro e deu a ele uma linguagem, que é o filme Pátria Redimida, ou algo assim (sou meio ruim de memória), dá prá confirmar na cinemateca ou com a própria Celina. O filme é o primeiro filme digno deste nome no Paraná. Tem história, linguagem e tem montagem.