terça-feira, 9 de outubro de 2007

Entrevista com Ana Paula Johann

Como começou seu interesse por cinema?
Aconteceu. Fui ao cinema pela primeira vez com 17 anos assistir Guerra dos Canudos e me encantei pelo corte, pela piscada. Depois estava me graduando em jornalismo e percebi que em meu currículo só havia cursos de cinema. Mais tarde fui atrás de bolsa de estudos e ganhei uma de documentário na Universidade de Barcelona.

Quais são suas principais influências - literárias, cinematográficas etc?
Eu gosto muito de cinema europeu, existencialista e que fale do homem nas suas entrelinhas. Acho que além das mazelas da pobreza, existe algo no homem que perpassa tudo isso. Eu gosto também de filmes que tem estudo de linguagem. Dos cineastas contemporâneos gosto de David Lynch, Lar Von Trier, Win Wenders, e gosto dos diálogos dos filmes de Woody Allen e Pedro Almodóvar. Agora em documentário gosto dos filmes do Jorge Furtado, Eduardo Coutinho, Sandra Kogut.

Quais temas que mais gosta de trabalhar?
Não gosto de temas que ficam muito presos em regionalismos. Gosto de temas universais. Havia um escritor, o qual agora não me lembro a frase que dizia: quer ser universal, fale do seu quintal.

O que foi mais marcante em sua história profissional?
Na verdade minha carreira está apenas começando. Só fiz um curta até hoje, o “de tempos em tempos” e estou com os outros projetos. Mas está sendo interessante o seu retorno, como as pessoas tem olhado para ele. Agora neste mês de setembro fomos convidados para abrir o 5º Cinedocumenta com o fotógrafo e agora também diretor Walter Carvalho.

Como definiria o estilo de seu trabalho (esteticamente etc)?
É sempre difícil para nós mesmos definirmos o nosso trabalho, para os outros talvez mais difícil ainda, por que é sempre uma leitura, uma interpretação que varia de acordo com o olhar. Mas posso dizer a priori que gosto de coisas poéticas, mas que sejam profundas.

Como funciona o processo de criação do seu trabalho? As leis de
incentivo facilitam de alguma forma?
Eu geralmente tenho a idéia, faço um projeto base. Começo a fazer a pesquisa por minha conta, incluindo os custos e ai coloco em editais de acordo com o perfil do edital. Hoje só tem duas maneiras de realizar um projeto de arte, ou através de lei, ou bancando do próprio bolso. As Leis de Incentivo ajudam sim, mas deveriam ser pensadas outras formas, uma vez que as empresas não querem mais desembolsar um centavo que não seja por lei.

De que forma se dá a divulgação de seu trabalho?
Depois de finalizado o trabalho, faço um lançamento, divulgo na imprensa, levo um material, o filme, release, fotos. Depois envio para Festivais e só então disponibilizo para TV, internet, etc.

Sobre a questão técnica - poucas pessoas conseguem sobreviver de
cinema no Paraná, portanto toda a equipe técnica acaba "fugindo" para
a publicidade para sobreviver da sua profissão. Como é lidar com isso?
É a maioria das pessoas que trabalham com cinema, sempre tem uma função dupla, ou trabalham com publicidade ou ainda em produtoras que trabalham com vídeos empresarias, produções comerciais. Só depois de um tempo com trabalho reconhecido é que se consegue às vezes, viver só disso e é para pouquíssimos. Infelizmente isso já virou praxe, quem trabalha com teatro, também tem outra profissão, ou um negócio. Acho que isso mostra o valor que arte tem para as pessoas, quase nenhum.

É possivel viver de cinema no Paraná? O profissional que quiser se
dedicar à área passa por quais dificuldades?
Acho que depende o patamar que a pessoa está é possível sim, mas sempre fazendo parcerias com outras cidades.

Em sua opinião, qual o nome mais significativo para a história do
cinema no Paraná?
Temos Fernando Severo, Marcos Jorge

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