quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Entrevista com Vergínia Grando

Segue entrevista realizada com a cinesta Vergínia Grando, realizada pela integrante do grupo Aline Dias:

Vergínia Grando possui graduação em Comunicação Social Publicidade e Propaganda pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1998) e especialização em Undergraduate in Narrative Filmmaking pela Victorian College Of Arts (2000).

1. Como começou seu o interesse por cinema?

No segundo ano de faculdade, quando comecei a ter aulas de Produção de TV e um professor acabou com o meu primeiro trabalho. Ia desistir de Publicidade, mas depois daquilo resolvi continuar, aprender o máximo que eu pudesse lendo, sendo autodidata mesmo. Comprei um Super-8, fiz experimentações e acho que foi assim que tudo começou.

2. Quais são suas principais influências - literárias, cinematográficas, etc?

Pergunta difícil. No cinema acho que Tarkovsky. Literária, acho que Nabokov.

3. Quais temas que mais gosta de trabalhar?

Temas subjetivos, relativos à alma humana e suas peculiaridades. Os temas femininos também me interessam muito. Observações ácidas do cotidiano também me inspiram muito.

4. O que foi mais marcante em sua história profissional?

Estudar na Austrália e tudo que passei lá. Não pelos estudos, mas pelas pessoas que cruzaram o meu caminho naquele ano em particular e que me fazem uma melhor cineasta hoje.


5. Como definiria o estilo de seu trabalho (esteticamente, etc)?

Não sei definir e também não tenho estilo, eu acho. Faço filmes que me encantam no momento e da forma que parece mais próximo do que emocionalmente sinto pelo tema. Acho que meu estilo é a direção intuitiva talvez. Mas se vale alguma coisa, não gosto muito de diálogos, prefiro as imagens.


6. Como funciona o processo de criação do seu trabalho?As leis de incentivo facilitam de alguma forma?
Longo, às vezes demoro anos até colocar no papel algo que me tocou de alguma forma. Para filmar demora mais ainda devido às leis. Aprovar é fácil, captar é que é difícil. As empresas na maioria não entendem muito bem os mecanismos das leis e as que entendem tem sempre diretrizes como meio ambiente, educação. Ou seja, a arte em sim sempre fica de fora. Estou tentando captar para meus filmes há anos.


7. De que forma se dá a divulgação de seu trabalho?

Em alguns festivais e algumas mostras de cinema por aí. Tinha um site que tirei do ar porque estou montando o site da minha produtora e vou colocar meus trabalhos lá.


8. Sobre a questão técnica - poucas pessoas conseguem sobreviver de cinema no Paraná, portanto toda a equipe técnica acaba "fugindo" para a publicidade para sobreviver da sua profissão. Como é lidar com isso?

O eterno dilema de todo diretor! Você não aprende a lidar, simplesmente você se acostuma com o fato de que publicidade te dá dinheiro e cinema, vez ou outra, quando conseguimos grana pra fazer, te dá prazer e resgata o sonho de poder só viver de filmes um dia.


9. É possível viver de cinema no Paraná? O profissional que quiser se dedicar à área passa por quais dificuldades?

Não. Todas as dificuldades possíveis, desde achar um curso que dê uma base técnica boa, até conseguir entrar no mercado e conseguir grana para fazer filmes. Existe quem o faça, mas não vou entrar nos méritos.

10. Em sua opinião, qual o nome mais significativo para a história do cinema no Paraná?

Ia responder nenhum, mas agora lembrei que acho o Luciano Coelho muito bom. Ele é um cara bom e acho que muito significativo para o cinema daqui.

Filmografia e prêmios

Biografia (1 minuto/vídeo) - 1996
Feito para o Festival do Minuto
Roteiro e Direção.

Súbito (3 minutos/ 16mm finalizado em vídeo) – 1997
Ganhou Prêmio de Melhor Filme Universitário feito no ano. Foi shortlisted no Festival de Cinema e Vídeo de Curitiba.
Roteiro e Direção.


Cininverso (8 minutos/ finalizado em vídeo) – 1998
Filme experimental que foi o Projeto de Conclusão de Curso pela PUC-PR.
Roteiro e Direção.

O Silêncio (4 minutos/ Super-8) - 1999
Filme experimental feito e finalizado em 8 mm. Entrou no Festival de Cinema e Vídeo de Curitiba e no Festival de Gramado.
Roteiro e Direção.

Icarus (3 minutos/ Betacam) - 2000
Filme experimental em P&B.
Roteiro , Direção e Edição.

Morning Blur (2 minutos/ 16mm finalizado em vídeo) - 2000
Filme experimental que realiza um trabalho com cores.
Roteiro, Direção e Edição.

The Lullaby (5 minutos/ 16mm finalizado em vídeo) – 2000
Filme experimental que realiza um trabalho com luzes e cores.
Roteiro, Direção e Edição.

Soft Ground Under Concrete Skies (15 minutos/16mm) - 2000
Filme de conclusão de Pós-graduação. Foi indicado pela Film Victoria para o prêmio de filme mais inovador feito no ano 2000 em Melbourne. Foi selecionado para o V Festival de Cinema e Vídeo de Curitiba e para o Festival de Brasília 2001. Em 2002 foi selecionado para o Festival de Toronto no Canadá. Foi convidado para diversas mostras de cinema no Brasil e no exterior.
Roteiro, Direção e Edição.

Relicário (3minutos/ Super-8) - 2005
Ensaio poético sobre o tempo e a impermanência.
Roteiro e Direção.

Easy Way (7minutos/ DV) - 2003
Clipe da banda ESS.
Roteiro e Direção.

Fiasco (30minutos/HDV) – 2007
Piloto de uma série para Tv a cabo.

Nenhum comentário: